DA REUTERS
04/09/2015
Larry Flynt,
fundador da revista "Hustler" e defensor da liberdade de expressão e
sexual, tem este conselho para qualquer um preocupado com o ataque de hackers
contra o site de encontros extraconjugais Ashley Madison: cale-se.
"Não
faça ou diga nada que você não queira ler na primeira página do 'New York
Times'", disse Flynt, que também é proprietário de negócios que vendem
vídeos sexualmente explícitos on-line.
Pode ser
tarde demais para muitas pessoas que foram atraídas pelo suposto manto de
anonimato digital e compartilharam seus mais profundos desejos, fetiches e
fantasias em sites de encontros e pornografia. E essas companhias sabem que
seus baús digitais de segredos são exatamente o que as tornam um alvo para
hackers motivados.
Ao expor as
contas de até 37 milhões de usuários do Ashley Madison, hackers
disponibilizaram um conjunto de dados "[potencialmente embaraçosos"]:
http://www1.folha.uol.com.br/bbc/2015/08/1674762-mulheres-relatam-como-vazamento-de-dados-de-site-de-infidelidade-afetou-sua-vida.shtml.
Os dados
incluíram endereços de e-mails de autoridades do governo norte-americano,
servidores do Reino Unido e funcionários de corporações europeias e
norte-americanas, levando temores já profundos sobre segurança na proteção de
dados e segurança na Internet a um novo patamar.
A divulgação
dos dados foi o cumprimento da ameaça feita pelos hackers no mês passado. Além
dos detalhes dos usuários, os hackers também publicaram informações de cartões
de crédito armazenadas no site canadense que tem como slogan "A vida é
curta. Curta um caso".
Os hackers,
que ainda não foram identificados, parecem ter rancor contra a companhia e
querem sabotá-la expondo os usuários ao público.
Relatos de
que chantagistas estão contatando usuários do Ashley Madison estão reforçando os
temores sobre o nível de segurança on-line. E para a indústria de
entretenimento adulto, que é responsável por mais de 10% do tráfego de dados da
Internet, a tendência é particularmente preocupante.
"Não
conheço ninguém que esteja preparado para algo assim", disse Joanna Angel,
uma famosa empresária do mercado pornográfico que distribui filmes pelo site
Burning Angel. "A situação pode acabar afetando companhias como a
minha", disse ela. "Vai deixar as pessoas paranóicas."
O ataque ao Ashley
Madison foi o segundo mais importante neste ano, depois que o site
AdultFriendFinder foi alvo de uma grande violação de dados em março em que
detalhes de 4 milhões de assinantes foram publicados na Internet.
Segundo o
diretor de pesquisa da companhia finlandesa de serviços de cibersegurança
F-Secure, Mikko Hypponen, muitas empresas da indústria de entretenimento adulto
já contrataram equipes altamente qualificadas para manterem seus dados
protegidos.
Flynt, que
brigou pela liberdade de expressão em tribunais dos Estados Unidos, afirmou que
qualquer um surpreso com a invasão da privacidade das pessoas é ingênuo.
"Não
existe mais privacidade", disse Flynt. "Ela não existe já há algum
tempo."