12/08/2015 00h01
Fernando Misato- Gazeta do Povo – Opinião- Artigos
Texto
publicado na edição impressa de 12 de agosto de 2015
Em alguns
momentos produzimos exposição extrema nas redes sociais. Desejamos mostrar o
que somos e fazemos. Em outros momentos nos assustamos com o comércio
(claramente irregular) de dados pessoais e nos revoltamos com os que fazem
disso um negócio. Apesar das controvérsias sobre a venda de tudo e de todos,
essas informações continuam a ser principalmente autoproduzidas.
O mundo dos
negócios aperfeiçoa espontaneamente, e há séculos, a lei da oferta e procura. A
principal consequência dessa lei é a determinação de valor. Quem vende está
sempre em busca de diferencial competitivo, criando novidades para se destacar
na multidão com novos produtos, novos serviços ou novas formas de chegar aos
consumidores. Ao longo da história, o comércio vem se moldando à evolução sobre
tudo e sobre todos. O comércio mudou enormemente nos últimos dez anos. Alguns
dos produtos mais consumidos de hoje simplesmente não existiam em 2005 e,
consequentemente, há formas de se produzir, negociar, comunicar e transportar
esses produtos que também são novas.
A tecnologia
tem sido cada vez mais impactante na oferta de produtos e serviços. Com isso, a
comunicação e a disponibilidade de acesso à informação têm influenciado
enormemente o modelo mental do comprador. Tudo passa por uma pesquisa prévia
para encontrar um fornecedor, pela “degustação” da experiência de outras
pessoas e pela possibilidade de compra on-line.
O acesso à
informação é uma conquista sem volta. Todos a desejamos. Quem quer vender
precisa de informação. Quem quer comprar precisa de informação. Se há quem
precisa de informação, é inevitável que alguém entenda isso como uma
oportunidade de negócio e comece a ofertar informação como produto/serviço,
mesmo que haja um inevitável conflito de modelos. As leis que tudo regem são do
século passado – inclusive o direito à privacidade. As formas como tornamos
disponíveis as informações são recentes; aliás, elas mudam constantemente. A
origem das leis e o acesso às informações são distantes. Entre eles estão os
valores e princípios das pessoas, que também passam por conflitos de gerações.
Se excluídas
as exceções e aberrações, a verdade é que as informações das pessoas são
realmente utilizadas para viabilizar negócio. E não é de hoje. Apesar das
discussões sobre o direito à privacidade, a comercialização de informações não
vai parar. Um site específico, como o Tudo Sobre Todos, será excluído e outros
mil serão criados com alguma variação em outro lugar.
As únicas
maneiras de conter o comércio de informações são parando de produzi-las ou
parando de buscá-las. As duas hipóteses são praticamente impossíveis. O cidadão
normal está sempre produzindo informação e precisando de informação. Uma
simples pesquisa para a compra de um sapato gera uma informação (cookie) para a
rede social, que trará propaganda de sites de compras com os produtos similares
recém-pesquisados. Até aí parece uma simples “adivinhação” ou uma facilidade
para as pesquisas. Muitos até gostam. Mas isso também é invasão de privacidade.
A busca por
informação continuará polêmica. Tudo sobre tudo e todos está cada vez mais
disponível para pesquisa ou à venda em serviços especializados. Resta-nos
atualizar os nossos cuidados. Sorria, você esta sendo registrado.
Fernando
Misato é empresário e consultor para desenvolvimento de novos negócios em
tecnologia da informação e internet segura.
A
ConsultCORP distribui F-Secure no Brasil. Mais informações acesse o site www.consultcorp.com.br
http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/expor-se-ou-nao-eis-a-questao-0uq4d2kp9eu06d214jso6e33a
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